Ontem fui ao Boteco Belmonte na esquina da Bolívar com a Domingos Ferreira com o Ivo e a Cris. Não queria beber, pois além de cansado, estou com uma ameaça de gripe, o que me fez optar pela Coca Light (na verdade Pepsi), que não precisa ser tão gelada quanto uma tulipa de chopp. Mas me acabei de comer os petiscos, uma perdição para mim.
O atendimento foi razoavelmente rápido para os padrões do estabelecimento, e conseguimos uma mesa na varanda, próxima ao caixa. O Ivo começou a se queixar de que havia formigas caindo em cima dele. Eu e a Cris rimos. Depois ele se queixou de novo. Achamos engraçado de novo, mas começamos a dar algum crédito. A gente estava embaixo de onde deveria ser uma saída do ar condicionado (com ou sem hífen, meu Deus?) Que passamos a observar, dada a insistência do guri em não parar de falar que as formigas estavam caindo em sua cabeça.
Ele estava enganado. Não tinha nenhuma formiga, inseto aliás que se é mesmo tão trabalhador como dizem, deveria estar dormindo, ao invés de estar passeando em cima dele. Quando olhei para o Ivo, lá estava ela, uma aranha média, marrom andando placidamente em sua cabeleira negra.
Cautelosamente peguei um vidro de pimenta Tabasco que estava sobre a mesa (coloquei a tampa por precaução, se eu fizesse algum estrago, o mal humor gerado pela queda coletiva de insetos passaria diretamente para a minha conta) e afastei o bicho que caiu na mesa. Claro que mesmo liberto da aranha, ele reclamou ainda do vidro de pimenta, num gesto de gratidão nos moldes muito peculiares dele. A aranha sumiu e reapareceu instantes depois perto de mim, que tratei de jogá-la no chão com um pedaço de guardanapo. Por causa do mimetismo causado pela cor do piso, não foi possível esmagá-la com o pé, fato que se tornou favorável quando passou o gerente para quem reclamamos das companhias indesejadas. Com incredulidade ele mencionou algo sobre fazerem uma limpeza no dia seguinte (Deve ter pensado que iríamos usar o incidente para não pagar a conta. Não o culpo, pois conheço gente exatamente assim...). Dominando minha repulsa peguei o guardanapo e vimos que ela ainda estava lá, ele então (ainda não achando a reclamação pertinente) sugeriu que mudássemos de mesa, o que aceitamos. Seguiria-se uma espera longa, com direito a novas quedas dos aracnídeos suicidas, quando lá, no ombro do gerente, alheia à situação, uma aranha idêntica à que eu tinha jogado no chão, caminhava ameaçadoramente para seu pescoço. Certo, estou dramatizando, mas foi mais ou menos isso sim. Eu avisei o rapaz, que à princípio não acreditou mas olhando para seu ombro mal conseguiu disfarçar o susto e numa fração de segundos fez um arremedo de dança tribal australiana para se livrar do bichinho.
Menos de dois minutos depois estávamos em outra mesa.
Hoje o tempo nublou. Dois dias de sol intenso que observei da janela do ônibus até chegar ao trabalho. E agora que eu estou fora do ônibus, pronto para uma verdadeira orgia de raios UV, o danadinho do astro-rei (agora coloquei o hífen, meio que de sacanagem mesmo) resolveu retocar a maquiagem.
Ou os monarcas são mesmo muito temperamentais, ou então verdade o velho clichê que alegria de pobre dura pouco...
Hoje tem a estréia de "Tom e Vinícius" no João Caetano. Vou até lá prestigiar e levar meu aplauso à minha querida e talentosa amiga Marilice Cosenza.
Por enquanto é só.
PS - Hoje não tem set list. Em inglês não preciso me preocupar com o hífen, já escrevo tudo errado mesmo.
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