terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Entre a lua e São Paulo


Se imagine saindo de uma situação que partiu o seu coração. Você está sozinho superando uma série de dificuldades, com uma baita vontade de que o ano acabe logo pra zerar e deixar tudo pra trás de uma vez.


Nem pensa em ter ninguém, quer mais é o sossego de não ter alguém para partir deixando-o no vazio.

Se imagine então encontrando amigos, bebendo uísque em uma cobertura com uma vista estonteante da madrugada paulistana e um luar de fazer qualquer um querer uivar no telhado.

Se imagine agora encontrando um par de olhos que entram em você e não saem nunca mais.

Diz uma música... "se você está entre a lua e a cidade de Nova York, o melhor que você tem a fazer, é se apaixonar".

Nem mil Nova Yorks iluminadas deixariam a noite que eu descrevi mais bonita.
Entre a lua e São Paulo... o melhor que se tem a fazer é se apaixonar.
Levemente embriagado, entregue. Não há retorno.

Ah, a música...


BEST THAT YOU CAN DO - ARTHUR´S THEME - Cristopher Cross

(Vencedora do Oscar de Melhor Canção para o filme "Arthur, o milionário sedutor")


Finalmente você a encontra

Um alguém que realmente te toca

E quando você menos espera você está

Fazendo tudo por ela

Quando você acorda e aquela sensação continua

Mesmo tendo-a deixado do outro lado da cidade

Você se pergunta

"Afinal, o que foi que encontrei?"


Quando você se vê entre a lua e Nova York

Sei que parece loucura, mas é verdade

Se você ficar entre a lua e Nova York

A melhor coisa a fazer é se apaixonar.


Arthur faz o que mais lhe agrada

Em toda a sua vida pessoas escolheram por ele

Protegendo seu coração

"Ele é apenas um menino"

Vivendo sua vida aos poucos

E fazendo-se notar

Que lindo e bom tempo

Achando graça do que as pessoas queriam que ele fosse


terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Feliz Natal


Natal. Adoro.


Mas pense bem. Nos reunimos ao redor de uma árvore morta, ou agonizando... quando não artificial. Ao seu pé vários pacotinhos com presentes não raro "made in China", fabricados por felizes criancinhas remuneradas com dois dólares por semana...


Depois, vamos todos para a mesa. Nela repousam pedaços de animais mortos. Aves, porcos... Mas também, frutas secas, doces... Todos confraternizamos, bebemos, e vamos dormir empanturrados, num sono inquieto, mas felizes.


Acordamos e iniciamos uma via sacra visitando parentes, ouvindo gracinhas sobre nossos quilos a mais, sobre nossos cabelos a menos. E seguimos.


Depois Ano Novo! O ritual se repete ainda mais animado, já todo mundo chutando o pau da barraca...


E chega janeiro, nossa calça favorita não entra, nosso décimo terceiro já se foi, chegam as faturas do cartão, caem os cheques pré...


E ainda assim amamos esta festividade. Um feliz Natal pra todos... Feliz Natal.


Obrigado Giovanna, pela inspiração!


Vaidade


Adoro quando curtem o que eu escrevo. Mas nem sempre curtem. Aliás... nem sempre é eufemismo. Qual a diferença entre "nem sempre" e "quase nunca"?


Não sou malhado nem belo. Minha vaidade mora na ponta de meus dedos... No teclado, note bem.


Resta continuar malhando... Uma hora fico saradinho.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Sem Facebook...




Em sua mesa, Fernandes beberica seu uísque enquanto observa curioso o diálogo entre dois rapazes que bebem cerveja na mesa ao lado. Eles aparentam ter vinte anos, vinte e um no máximo, o que seria um terço de sua idade...

Edu - Iraaado Zeca, você perdeu... devia ter ido. Só eu peguei quatro!

Zeca - Aê Edu! Se você com essa cara de mané pegou quatro...
Edu - Coé, leke? Tá me estranhando? Mas e aê... por que não foi?

Zeca - Tu não vai acreditar... Fiquei sem internet... fiquei uns três dias sem entrar no Facebook, aí já era... Por que tu não me ligou?

Edu - Vacilão hein? Não tem grana pra lan house? Como eu ia saber que tu não tava com internet? Justo você...

Zeca - Pois é... Fico imaginando como esse povo que já passou dos sessenta se virava pra saber das paradas... As festas deviam ser bem mais vazias... Ou então neguinho passava dias no telefone chamando a galera... (ri)
Edu - Se liga... imagina! Mané ia dar a festa e saía distribuindo flyer "xerocado" (ambos riem, já bem alegrinhos por causa do chopp)

Nesse momento olham pra Fernandes, que também já mais sociável por conta do uísque diverte com os comentários... Os dois ficam meio sem graça. Fernandes levanta-se e vai até eles:

Fernandes - Falaí "leke"... Na minha época não tinha flyer... a gente distribuía panfleto, mas de protesto... E não tinha essa de Xerox... era tudo no mimeógrafo!

Edu e Zeca se olham meio sem graça, mas querendo rir.

Fernandes - Ah, e a propósito... a gente telefonava pra chamar pras festas sim... Mas no geral não precisava... A gente se encontrava no Posto 9, sacoé?

Nesse momento Fernandes vê Caetano Veloso entrando no restaurante e vai cumprimentá-lo.


sábado, 5 de dezembro de 2009

Atiraram no dramaturgo


Faz mais de dois meses que eu não posto nada no meu asteróide... Em meio a uma crise emocional e existencial, surgiu uma crise criativa, e tá aí... dois meses sem nem uma palavra.

O que me tirou desse torpor foi a notícia que eu acabo de receber... Um dos caras que eu mais admiro no cenário cultural paulista foi baleado esta madrugada durante uma tentativa de assalto no Espaço Parlapatões. Mario Bortolotto está internado em estado grave na Santa Casa após receber três tiros na região torácica.

Só para ter uma idéia de como isso me afeta, ele foi o cara que eu me mirei para criar este blog. Foi lendo o blog dele que eu tive finalmente a iniciativa de ter um blog (já tinha tentado antes sem êxito), e escrever textos mais livres. Sou seguidor do blog dele, curto mais até do que suas peças (que gosto também, mas conheço menos), e compartilhamos também uma admiração enorme por Jack Kerouac e tudo o mais que cerca o que convencionou-se de chamar literatura beat. Coincidência ou não, por volta de cinco da manhã eu estava navegando na web, quando acessei o orkut e resolvi mudar o meu "quem sou" para o seguinte texto : "um beatle, um bitolado, um beatnik". Foi mais ou menos a hora em que ele era baleado.

Estou triste, com medo e chocado. Conversei com a Cris agora que mora em cima do Espaço, e ela disse que ouviu a confusão... Mario não costuma levar desaforos, e àquelas alturas já devia ter tomado várias, acabou enfrentando os bandidos.

Onde a violência vai chegar? Sei que a cada nova notícia como essa que recebemos já é quase automático dizer esta frase inútil. Inútil como pagar nossos impostos, inútil como jogar nossos votos na lata de lixo eletrônica de tempos em tempos. Inútil como esperar que as autoridades tenham pulso para resolver os problemas, quando há tanto dinheiro para enfiar nos bolsos, cuecas e meias... no... deixa prá lá.

Só posso dizer que estou com muito medo, medo de que esse cara que eu admiro e esperava um dia conhecer se vá, no auge de sua força criativa. Ele atua, dirige, escreve peças, mantém seu blog e ainda tem uma banda. Mario, saia dessa por favor.

Essa foto ao lado eu tirei em maio, na virada cultural e o encontrei no mesmo Espaço Parlapatões, e já bem bêbado, cheguei até ele e falei "Fala Kerouac brasileiro! Tira uma foto comigo?". Ele deve ter me achado um babaca, mas tirou a foto, da qual me orgulho.
O último post no blog dele, irônicamente intitulado "Atire no Dramaturgo", tem a seguinte frase:
"E eu voltei pro bar. Quando ninguém mais acreditava que eu pudesse voltar. Eu tinha tudo pra não voltar, né? Mas eu sempre volto."

quinta-feira, 1 de outubro de 2009


INDECENTE

Estrias de luz entravam pela janela escrevendo na parede que mais um dia terminava. Não conseguiu lembrar o motivo de estar ali. Faltou-lhe o ar e ele estendeu a mão para acionar a campainha.
...
Inspirou uma grande quantidade de ar, como se quisesse beber cada estrela daquela noite indecente de tão linda. Indecente. Era este para ele o maior elogio que qualquer coisa que fosse elogiável poderia receber. "Ahhhh...." – gritou sabe-se para quem naquela rua deserta. "Uhhhhh...'' respondeu um bêbado ao longe. "Ô raça unida esta nossa, hein?" gritou depois de uma sonora gargalhada. Não distinguiu direito a resposta, provavelmente um desaforo, pois já dobrara a esquina chegando à rua da praia. A lua, agora imensa dominava toda a paisagem despejando seu licor prateado pelo mar... Não entendia a tanta alegria que sentia. Deveria ser diferente afinal de contas acabara de tomar um fora. E depois do fora, tomara muitos e muitos copos de vinho barato. Deveria estar deprimido e triste ainda mais com uma noite tão... indecente! Mas não. Sabia que agora estava livre para sofrer de novo com uma nova idéia de amor. "Pois amor nada mais é do que uma idéia" . raciocinou como podia. "Realizado, perdem-se os argumentos, a idéia passa a ser realidade.. E a realidade geralmente destrói as melhores idéias". Decerto nesta conclusão residia também algum rancor político. "Dane-se! Será que minha revolta não pode ser diferente? Afinal quem sou eu para morrer de amor? Quero mais é morrer de rir..." E riu mesmo, conseguindo extrair alguma graça de seu sofrimento que neste ponto não sabia mais se era ainda sofrimento.

Conhecera Maria há duas semanas, e estava inequivocamente apaixonado. Alimentou uma quimera por duas semanas, mas a jovem na ânsia de aventura cansou-se do pobre rapaz dado aos livros. O filho do delegado, viajado e sedutor encantou mais a garota simples, que do mundo queria mais, muito mais do que ser indecentemente comparada à lua e às estrelas.

E agora, sentado na mureta de uma praia desta pequena cidade litorânea, que pode ser aqui perto, ou lá longe, ele se questionava por estar tão feliz. Não a amava? Decerto... Mas estranhamente não era uma sensação de perda que o dominava, o que seria então?

Saltou da mureta. A lua, indecente ainda, continuava a despejar sua prata no mar. Caminhou pela orla até chegar na ponta da praia. À esquerda, mais adiante, começaria um território que para ele ainda era desconhecido. Proibido... Depois das casas pobres, começava a zona de meretrício da cidade. Ele ainda não conhecia mulher. Andou curioso e atento, até que uma delas, cuja idade não se poderia jamais adivinhar lhe despertou o interesse. Foi com ela, e uma nova vida se abriu aos seus sentidos. Nada que se comparasse às carícias roubadas, aos beijos rápidos. A mulher sem pudor mostrou-lhe a porta de um mundo de sensações que ele sequer sabia existirem. Acostumada aos homens rudes, ao jogo rápido, encantou-se com o rapaz, extraiu-lhe confissões, e as fez também. Nada quis cobrar, sentia-se feliz. Mas o proibiu de voltar lá. Ao despedir-se estava apaixonada. Não entendeu quando ele acariciou-lhe delicadamente o rosto em despedida, sussurrando com ternura que ela era indecente.
Ele decidiu então que aquele lugar em que vivia não mais lhe bastava. Escreveu ao padrinho na cidade grande, e para lá se foi. Empregou-se. Estudou. Formou-se jornalista. Tornou-se escritor. Amou muitas vezes.

Anos depois, de volta à terra natal reencontrou família e amigos. A mulher da vida mudara-se dali e ninguém mais dela sabia. Maria, agora casada com o filho do delegado em nada lembrava a doce vilã que o lançara à fortuna. Depois de quase duas décadas ela nem lembrava mais das duas semanas que mudaram a vida do homem que lhe apertava a mão e acariciava o cabelo de seus filhos.

Passou por lugares que amara, nas casas que freqüentara, na praia onde outrora namorara. Nada mais era igual. Até a lua tão indecente derramando ainda prata no mar, parecia ter mudado.

Figura na cidade, falado nas rodas de conversa quando aparece no jornal. Filho da terra.

Foi embora e não quis mais voltar, queria ter na cabeça que nada mudou. Veio o amor maduro, vieram os filhos e vieram os netos.
...
Lá fora uma noite indecente. A luz do sol ainda tingia de vermelho o horizonte, e vermelho ainda era o licor da lua, derramado no firmamento. Tempo bom para um passeio.

Nem notou quando ela abriu a porta... Tentou ver-lhe o rosto. As pernas há alguns meses já imóveis o surpreenderam erguendo-o quando ela lhe estendeu a mão. Desligou-se dos tubos e dos aparelhos, estranhando o fato de respirar tão bem. Foi então que viu a face dela. "Engraçado" – pensou – "Os grandes momentos da minha vida acontecem quando estou ao lado de uma mulher indecente de linda..."

E foram embora, sem olhar para trás.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O que é saudade?


O que é saudade? Carinho de mãe, brincadeiras, as coisas que eu acreditei... a bicicleta que ganhei no Natal, quando já desiludido deitei-me em minha cama após a ceia.

Saudade é a adolescência, sonhos, fantasias, crises de riso voltando da escola, a emoção daquela tradução de música...

Saudade é despedida, saudade é partida...

Hoje minha casa está mais espaçosa. Cheia, é verdade, de recordações. Coisas chatas, brigas, esperas, noites mal dormidas... Mas também de riso, vinho e macarrão, pipoca, DVD, loucurinhas...

Hoje soube que mais um amigo se foi. Este há um ano, mas a distância a que nos impõe o destino, fez com que há muito não tivesse notícias dele. Até mais Fábio... Tchubi, um cara engraçado, malandrão, cheio de vida e com um coração enorme... É assim que lembro de você, guri.

Hoje eu sei que estou aqui. Amanhã... o que sabemos do amanhã?

Não tenho piadas nem ironias para o dia de hoje. Tenho saudade.

E esperança no que a vida possa me trazer de coisas novas. Ainda que essas coisas um dia serão apenas... saudade.

domingo, 6 de setembro de 2009

Não tem pra Lázaro nem Milton


Esqueça "Rainha Diaba". Esqueça "Madame Satã".

Tema "Leona, a assassina vingativa".

Tá no youtube. Uma vilã mezzo Flora Pereira mezzo Nazaré Tedesco tenta matar uma suposta testemunha do assassinato de seu marido, e o que se vê é uma sucessão de clichês de teledramaturgia na mais pura linha trash... Rolei de rir.

Os personagens são quase todos mulheres, e os atores, quase todos do sexo masculino. Com exceção da personagem "Escrivã Naná", que é interpretada por uma garota, que é um pouco mais que figurante.

Sério, dá medo. Esse grupo de crianças autênticas (empregando aqui o sentido amplo da palavra) representa com uma verdade absurda. O ator que faz a Leona apanha o tempo todo. Tive uma crise de riso mais aguda quando vi o episódio 3, já mais bem produzido com figurino, mais cenários...

O pior de tudo é que o menino é bom ator. Ou seria o melhor de tudo? Enfim, se é para ser trash...


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Perfume para o trânsito em Sampa!


Ontem o trânsito nos arredores da Ponte do Limão em São Paulo ficou congestionado por mais de duas horas por causa de um frasco de perfume.


Eis trecho da notícia publicada no site do jornal "O Estado de São Paulo"


"A suposta granada colocada na Ponte do Limão na manhã desta quinta-feira, 27, era um frasco de perfume. O objeto foi jogado no local por duas pessoas que saíram correndo em seguida, de acordo com uma testemunha. Na internet, o frasco do perfume é encontrado por R$ 135. A suspeita de uma granada na ponte deixou o trânsito muito complicado na região durante toda a manhã.

A Ponte do Limão foi liberada por volta das 12 horas. Policiais do Gate tiraram a suposta granada e afirmaram que não havia material explosivo. O artefato foi levado até a sede do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).

Por causa da suspeita de bomba, uma pista da ponte e as alças de acesso foram interditadas. No entanto, todos os bloqueios já foram liberados. Apesar da liberação, o trânsito ainda está complicado na região, que fica na zona norte de São Paulo."


Achei uma jogada de marketing genial! O anúncio diz que o perfume é feito "para agradar os homens de caráter forte, criativo e impulsivo". Ora, qual a maneira mais forte, criativa e impulsiva de divulgar um produto desses se não chamar um esquadrão especializado em desarmamento de bombas, com aqueles figurinos exóticos, e parar o trânsito de uma região movimentada como a da Ponte do Limão durante praticamente uma manhã? Tacada de mestre! De quebra, a foto do produto sai em todas as mídias "di grátis".



Tempos Pós-Modernos (com ou sem hífen?)


1982


Garoto de 6 anos - O que é isso? Um rato?


Irmão de 8 anos - Não... um girininho, numa foto ampliada!


2009


Garoto de 4 anos - Mentira! Isso é um mouse!


Irmão de 6 anos - Tô falando que é porra, cara! Só que vista no microscópio!


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Ao amigo que se foi...

Meu amigo,

Na franca ascenção de seu poder criativo, no topo de sua juventude, em pleno verão da existência... você partiu. Há mais de um ano que eu não o via, mas os nossos esporádicos encontros sempre foram repletos de alegrias, saudade represada, e vontade expressa de trabalharmos juntos um dia. Eu admirava o seu talento, e sabia que você enxergava algum em mim. Era uma admiração recíproca.

Agora, tão repentinamente você volta ao pó. Mas sua trajetória me marcou e marcou a muitos, muito mais do que a mim. Fica a saudade. A dor passa, eu sei, mas a lacuna fica, preenchida apenas por lembranças, que nem o tempo vai poder levar.

O tempo.

Eu queria ter tempo agora de abraçar todos os meus amigos, me deixar abraçar. Tudo é tão fugaz nessa vida, e ver um cara talentoso como o Ivan Kraut ter sua passagem aos 31 anos é no mínimo assustador. Eu não sabia que eu o perderia tão cedo. Queria poder dar mais um abraço. Não pude.

Quero abraçar todos os meus amigos, sempre a todo instante, com medo de que mais algum se vá. Quero abraçar aquelas pessoas vivas, mas distantes de mim. Quero abranger o tempo e o espaço para que ninguém mais ouse me deixar sem dar um tchau. E eu não quero dar tchau, para mais ninguém, quero que todos fiquem. Soa infantil, eu sei. É infantil. Sou infantil.

Vai meu amigo. Segue seu rumo agora em outro plano. Prefiro acreditar que você está começando uma linda jornada agora, e que um dia nos veremos de novo.

Para você eu reproduzo aqui o trecho final do meu primeiro (e até o momento único) conto, "Indecente". Leva meu abraço Ivan. Sua lembrança fica.

"Lá fora uma noite indecente. A luz do sol ainda tingia de vermelho o horizonte, e vermelho ainda era o licor da lua, derramado no firmamento. Tempo bom para um passeio.

Nem notou quando ela abriu a porta... Tentou ver-lhe o rosto. As pernas há alguns meses já imóveis o surpreenderam erguendo-o quando ela lhe estendeu a mão. Desligou-se dos tubos e dos aparelhos, estranhando o fato de respirar tão bem. Foi então que viu a face dela. "Engraçado" – pensou – "Os grandes momentos da minha vida acontecem quando estou ao lado de uma mulher indecente de linda..."

E foram embora, sem olhar para trás. "
(escrito em 2005, no Rio de Janeiro)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

ANTES DE COMEÇAR A NAMORAR, PERGUNTE PELO TWITTER


De acordo com uma pesquisa realizada pela agência Bullet, a maioria (61%) dos usuários do Twitter no Brasil é composta por homens na faixa de 21 a 30 anos, solteiros, localizados nos estados São Paulo e Rio de Janeiro. Na maior parte, são pessoas com ensino superior completo e renda mensal compreendida entre R$ 1001 e R$ 5000.


Mãe antenada já manda: "Mas e esse moço, filha? é bom mesmo? Tem twitter?"


De onde estou


Meu asteróide é só um asteróide. Mas dele posso ver todo o universo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Doação de namorados


Cíntia – Oi Raquel, onde você vai assim produzida?

Raquel – Querida, vou ao Lar Esperança, ver se encontro alguma coisa pro inverno...

Cíntia – Que é isso? Sem dinheiro pra comprar roupas amiga?

Raquel – Nada, vou ver se tem um namorado usado. Não ta sabendo da campanha?

Cíntia – Não... o que é?

Raquel – “Doe um namorado no inverno”. Começou faz tempo, mas ainda deve ter alguma coisa que preste. Funciona assim: sabe aquele namorado que você não usa mais, que já não veste bem, saiu de moda, ou então ta gasto? Tão deixando nos postos de troca. É só pegar.

Cíntia – Mas você não estava com o Rodolfo?

Raquel – Deixei no Colégio Anunciação ontem. Ah, não dava mais, tava muito largo, e além do mais descobri que todas as minhas amigas já usaram. Até você, que eu sei!

Cíntia – Maldade Raquel! Nunca..

Raquel – Não esquenta amiga. Se quiser ta lá, deixei ontem, e duvido que antes da xepa alguém pegue. Agora to indo ver se tem outro que me sirva. Tem gente que dispensa cada coisa boa.

Cíntia – Não sei... Acha que eu deva doar o Célio e tentar um outro? Se tão doando é porque não querem mais, eu vou querer?

Raquel – Não custa tentar querida. Mas não esqueça... Doou, não tem volta... sabe aquela mania de achar que tudo o que está nos outros é melhor? Pois é, não adianta amanhã cruzar com alguém usando o Célio por aí e querer pegar de novo, que já era. Tem outra dona.

Cíntia – Bom... O verão logo ta aí mesmo né? Vou pensar.

Raquel – Então ta querida. Vou andando que parece que o Lar Esperança é o posto mais concorrido. Só doação de bom gosto. Se eu der sorte pego um de etiqueta italiana.

Cíntia – Ciao querida, obrigada pela dica.

Raquel – Só mais uma coisa. Já usei o Célio também. Tá meio frouxo na cintura. Troca.

Eloísa Mafalda volta a atuar


Aos 85 anos, Eloísa Mafalda aceitou participar de um curta ao lado de Emílio Orciollo Neto, por se tratar de uma história leve e também porque o tempo de duração das filmagens era curto. Compreensível para uma atriz excepcional que teve grandes sucessos ao longo de seus mais de sessenta anos de carreira, como Maria Machadão de “Gabriela” (1975), Dona Nenê de “A Grande Família” (1972) e a inesquecível Dona Pombinha de “Roque Santeiro” (1985). A atriz teve sua última aparição em novelas em uma participação em “O Beijo do Vampiro” (2002), e ultimamente tem preferido não aparecer publicamente.


O curta “Obrigada” foi dirigido por Giancarlo di Tomaso, e conta a história da idosa Odeth (Mafalda) que vive numa cadeira de rodas, e não recebe atenção do filho Cláudio, interpretado por Orciollo.

Dois Carlinhos, um final... feliz?


Ser abandonado pela mãe, e na possível iminência de se tornar milionário reencontrá-la diante das câmeras de TV. Final feliz? Não sei. Mas estas situações mal resolvidas, que geram traumas para toda uma vida necessitam de um final, seja ele satisfatório ou não. Não estou totalmente por dentro da história do Carlinhos Silva humorista, mas de uma certa forma, baseado em minha própria vivência em dramas familiares, fico feliz que tenha se chegado a um desfecho, um fim. Ainda que este fim (alimentado pela ânsia da mídia sensasionalista) seja o começo de um novo drama. E claro, as feridas sempre deixam cicatrizes. O passado não muda, e nem a dor de ter sido abandonado desaparece, mas o reencontro, o acerto tem realmente um “quê” de ponto final.

Outra história não menos explorada pela mídia (embora com um enfoque infinitamente menos sensacionalista) não teve um fim. Um seqüestro que no último dia 02 de agosto completou 36 anos, tem características que até hoje confundem e dividem a opinião pública. Há quem tenha certeza da responsabilidade dos pais, mas esta história dificilmente terá um desfecho, satisfatório ou não. Essa mãe, tenha ou não responsabilidade sobre o desaparecimento do filho jamais terá a chance que a mãe do participante do reality show teve de reencontrar o filho.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Mídia espontânea...

Reta final da novela das oito. Gripe suína em todas as manchetes.
Com toda esta publicidade espontânea, o negócio é vender porquinhos da índia.
Estou tentando imaginar o que se pode vender para aproveitar as notícias do senado. Se alguém souber...
É na crise que se cresce!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mapa Astral


Hoje um amigo me mandou uma interpretação breve de meu mapa astral feita por um site de astrologia. Entre outras coisas, essa interpretação diz “MAIS PARA O FIM DA VIDA você terá ganhos financeiros e melhoria geral da situação econômica”.

Analisando minha atual situação econômica, concluo que ainda tenho pelo menos cem anos pela frente. O fim da vida está longe.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

DIA DOS PAIS


COMEMORE O DIA DOS PAIS DESCOBRINDO QUAL É O SEU!

UMA HOMENAGEM DO LABORATÓRIO GENIS – AGORA COM KIT DOMICILIAR!

terça-feira, 28 de julho de 2009

O HOMEM PULANDO O MURO


Desde o início do mês, as praias de Copacabana, Ipanema e Leblon exibem a mostra "Street Bienalle" que faz parte dos eventos ligados ao ano da França no Brasil. São painéis de 10 metros de altura com obras de sete artistas franceses.


Este da foto é do artista plástico Blek le Rat, e a obra "L'homme qui traverse le murs". Ele realmente parece estar pulando um muro. Pelado. E pela cara da moça ao lado, não fez o que deveria ter feito.


Ou o marido chegou antes, ou ele teve problemas de performance (Não é assunto recorrente e nem ato falho. Até o momento está tudo certo comigo...)


Mas que este painel dá o que pensar, ah isso dá...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

FUMAR PODE CAUSAR IMPOTÊNCIA


SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS


Anteontem assisti ao vídeo de conclusão de curso (curso concluído há nove anos, diga-se) de minha amiga Ceiça. A despeito de toda dificuldade e limitação de quem faz um trabalho deste tipo sem recursos, eu gostei muito do resultado, e passados os primeiros minutos, você está tão absorto na história que eventuais precariedades nem se fazem notar, caso existam. Mas não é esse o ponto que eu quero tratar.

O curta que é no estilo documentário (usando também dramaturgia) fala dos lugares mal assombrados de Recife. Ontem andando pela orla de Copacabana fiquei imaginando se há algum lugar mal assombrado famoso aqui no Rio. Deve haver... mas neste ponto de meu devaneio dou de cara com a estátua de Carlos Drummond de Andrade, obviamente com sua devida e tradicional depredação nos óculos.

Começo a imaginar se não é o próprio espírito no consagrado poeta que volta para dar uma modernizada no seu visual. Com o avanço da medicina aqui na nossa terra de expiação, imagino que as cirurgias espirituais estejam igualmente modernas, e que nosso querido Drummond pode muito bem ter operado a miopia e esteja ansioso para dar este retoque no visual. Ele vem, tira o óculos, os responsáveis pelo patrimônio público recolocam, e fica essa guerra... Façamos a vontade do poeta, e o deixemos mais moderno e contente com o seu visual...

Seria bom não? Teríamos uma alegria dupla de que : 1) Drummond feliz, aprovaria seu novo layout. 2) Não são vândalos que depredam um patrimônio artístico e cultural da cidade. Pena que isso é só um exercício de imaginação.

Melhor recolocar quantos óculos sejam necessários. Drummond está muito acima de dilemas estéticos, e deve estar dando um tempo de olhar para o Brasil, por puro desgosto. Devemos ter sempre o “dinheiro do ladrão” disponível, ou seja, antes ter um óculos para saciar a sanha destrutiva de uma parcela ignara de nossa população a atiçar maiores cobiças...

Senão periga a estátua amanhecer sem cabeça.

O CÃO E A RAPOSA


Não, não é o clássico da Disney.

Hoje ao ler o jornal me deparei com a interessante notícia sobre o namorado da neta de Sarney, nosso popularíssimo presidente do senado, e por que não dizer, nossa raposa mor no zoológico que é o panorama político nacional.

Pois bem, o rapaz, Henriqe Dias Bernardes, denomina-se “cachorro”, no orkut. Pelo menos este é mais sincero. Seu grito de guerra é “Mulher e dinheiro, dinheiro e mulher, sem os dois eu não vivo, qual dos dois você quer? Vamos consagrar o estilo cachorro”. A estas alturas talvez o perfil dele já deva ter sido até mesmo deletado... Porém fica o registro.

Sarney lhe fornece a neta, e lhe forneceu o cargo. Ou seja, mulher, dinheiro e roupa lavada. Nossa raposa velha tem o estilo paizão! Resta saber qual animal é a moça e qual vai ser o resultado de tão prozaico cruzamento!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Gripe no Senado




Dúvida: se certos representantes do povo estão chafurdando num lamaçal de chiqueiro, por que não pegam gripe suína? Imunidade parlamentar?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Dia do amigo...


Impressão minha ou dia do amigo tá virando uma data assim, Brastemp?

Se a moda pega e o pessoal tiver que ficar comprando presentes, vai ter neguinho esvaziando a lista do orkut.

Ter um milhão de amigos vai ser prejuízo na certa.

Bom momento para a volta do Elesbão da TV Pirata (lembram do bordão? "Elesbão não tem amigos...") Haja narjaras turettas...

Teclados, ônibus e twitter


Estou numa lan em Copacabana. O "b" e o "e" deste teclado estão horríveis. Ao menos o rapaz que estava sentado no computador ao lado parou de ouvir pagode. Mesmo com fone de ouvido já estava irritando.

Hoje dando o meu cochilo (ultimamente habitual, por causa do jogging matinal) ouço uma garota reclamando com o motorista que quase foi atropelada porque ele passou na faixa da esquerda ao invés de parar no ponto. Já falei sobre isso aqui.

Só que a garota trabalha comigo, a Natasha, e tirei muita onda da cara dela hoje por causa disso. Disse que acordei com ela gritando, e acordei mesmo. Isso no 2113 - Taquara, ô ônibus xexelento! (O "b" e o "e" deste teclado estão me irritando!). Na foto uma imagem corriqueira, provavelmente é o ângulo mais comum pelo qual ele é visto, indo embora.
E nós fora dele.

Mas eu sei bem o que a Natasha passou... Semana retrasada ainda briguei com um motorista de outra linha, que fez o mesmo com um amigo meu. Só que apenas ele subiu no ônibus, e disse que os passageiros ainda me criticaram.

Merecem ficar plantados esperando mesmo. Tomara que andem de Piabas a vida inteira!


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Estou viciadinho nesta brincadeira do Twitter. O bom é que praticamente não toma tempo. É quase um pensamento em voz alta... Ou melhor, um pensamento escrito.

O problema é que, sem net em casa, tenho crises de abstinência noturnas.


Romance


20 de abril

Eduardo conhece Rosana. De início ele a estranha, os dois ficam.


23 de abril

Eduardo e Rosana estão apaixonados. Eles não conseguem mais se desgrudar.


24 de abril

Eduardo e Rosana assumem romance. Todo mundo acha graça na rapidez das coisas.


25 de abril

Eduardo e Rosana tomam vinho e fazem amor. Ele guarda a rolha.


29 de abril

Eduardo e Rosana viajam com a família dela para Búzios, a mãe dela o adora.


03 de maio

Rosana diz a Eduardo que quer casar com ele e ter dois filhos, Maria Eduarda e Theodoro, em homenagem ao pai dela.


07 de maio

Rosana deixa Eduardo esperando em um restaurante. Ele se chateia. Os dois se encontram mais tarde, mas ela já está meio distante.


10 de maio.

Rosana diz a Eduardo que não vai beijá-lo para não pegar gripe. Ambos concordam que andaram rápido demais.


11 de maio

Rosana não pode ver Eduardo, pois marcou com uma amiga.


12 de maio

Rosana vai a uma festa do trabalho, não pode ver Eduardo.


14 de maio

Rosana está com dor de cabeça.


15 de maio

Eduardo pergunta a Rosana se ela quer separar-se e ela pergunta se ele vai se chatear. Ele vai embora triste.


17 de maio

Eduardo não aguenta de saudade, tenta ver Rosana, mas ela não retorna.


19 de maio

Eduardo sofre. Rosana vai a uma festa.


22 de maio

Eduardo encontra Rosana em uma festa. Ele bebe, ela bebe. Eduardo tenta não se importar, mas chora ao vela desaparecer com um rapaz para dentro de um carro no estacionamento. Os vidros embaçam e ela sai quarenta minutos depois. Eduardo beija a primeira mulher que vê, mas não se sente melhor por isso.


24 de maio

Eduardo anda pelas ruas de São Paulo, passa em frente à casa de Rosana, tenta vê-la mais uma vez. Ela o dispensa. Eduardo pega a rolha do vinho que beberam juntos e joga em uma lata de lixo qualquer.

Ele compra o jornal e segue sua vida.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A Prima do Chico Buarque...


Manhã em Copa.


Aguardo o sinal abrir para atravessar com minhas sacolas de mercado, quando ouço a voz feminina atrás de mim:

- “Deixe o coração falar” é uma peça de teatro?

Olho para a mulher, de no máximo cinqüenta anos, aguardando minha resposta com interesse. Rapidamente começo a procurar no alto alguma faixa onde ela possa ter lido o título, olho para o vidro traseiro do ônibus na minha frente, e ela percebendo-me atordoado revela:

- Está escrito na sua camiseta.

Lembro então que estou usando uma camiseta do filme “Os Desafinados” de Walter Lima Júnior, a frase citada está nas costas. Não ia achar nunca.

- Ah, não... é um filme! Na verdade chama-se “Os Desafinados” .– respondo.

- Do Walter Salles?

- Não, do Walter Lima Júnior.

- Ah... vou procurar o Walter Salles. Meu avô sentou muito com o pai dele no chão, quando trabalhavam no banco...

- ?

- Eu vou procurar sim, pedir patrocínio. Vou mesmo. Sou prima do Chico Buarque, mas nunca pedi nada, que eu não gosto de ficar pedindo. Mas agora vou pedir sim...

- ?

- Ah, já fui falar com a Marieta Severo, com aquela louca da Andréa Beltrão, vou procurar o Walter Salles também, ele vai ter que me ajudar. Vou pedir pra todo mundo me ajudar, eu escrevo, vou me meter com essa gente de teatro, escrevo desde os dezoito anos.

- Legal... Você....

- Cansei sabe? Dei mole. Você é ator?

- Sim, sou, mas faz um tempo que eu deixei de atuar.

- Ah, mas eu lembro de você. Já vi alguma coisa sua! Você é do Sul né?

Legal! Estou sendo reconhecido na rua! Por alguém que nunca me viu...


- São Paulo. Talvez você esteja me confundindo porque...

- Ah São Paulo! Fala cantado, pensei que era de Santa Catarina... Eu estou acostumada a mandar Sedex pro Sul, conheço o sotaque.

Nesse ponto me questiono (em silêncio como pode-se supor) sobre o que o fato de mandar Sedex para algum lugar auxilia a identificar o sotaque. Vou viver cem anos e descobrir que não sei nada da vida...

- Conheço também o sotaque de Maceió que é a terra da minha mãe...

Então o Chico Buarque tem uma tia alagoana! Acho que deve ter isso em alguma música... não... se não me engano ele falava que o avô era pernambucano. Que seja...

- Ah, todo mundo vai ter que me ajudar. Escrevo desde os dezoito anos. Fui boba. Fui fazer Direito, agora meus clientes todos morreram.

- ?

- Eu não tenho mais clientes. Tudo marginal menor de idade, malandro que morre com 21 anos... não tem mais nenhum vivo.

Sei que devia ter pensado isso nas primeiras frases dela... mas nunca é tarde: esse papo tá meio estranho.

- Bom, eu atravesso aqui. Boa sorte com suas peças...

- Ah, obrigada! A gente ainda vai se falar muito.

Sinceramente? Espero que não.




SET LIST
Isso aqui tá muito bom - Chico Buarque e Dominguinhos
Heal the pain - George Michael
Come anytime - Hodoo Gurus
I Santo California - Tornero
Jack Johnson - Middle Man
Joan Jett - I love rock and roll

quinta-feira, 9 de julho de 2009


Começando. Terceiro dia de atividade física, já não é tão difícil levantar da cama. O ritual do café da manhã, na mais completa solidão tem um efeito terapêutico. Andava esquecido do que era estar só. Não que nos meus últimos meses eu tenha tido tanta companhia, mas uma coisa é estar só e ansioso, triste até, esperando por alguém que não chega. Outra coisa, e é disto que eu estou falando, é aquela solidão que inspira, leva à reflexão.

Café tomado, protetor solar, ânimo satisfatório e lá vou eu.

Copacabana é linda. Caminhando antes das oito da manhã o que se vê é um desfile de personagens e histórias (todas supostas por mim, óbvio) que dariam para encher páginas. Nesta hora ainda jovem caminham as pessoas que dormem cedo, que trabalham cedo, e que têm uma preocupação mais profunda do que apenas manter um corpo atraente e bronzeado.

No Leme um grupo de senhoras (a mais jovem aparentava uns sessenta e cinco anos) realizam uma estranha movimentação que aos poucos adivinho ser uma espécie de ginástica. Observando bem, localizo a líder ou professora, que é quem faz primeiro os movimentos. Depois as outras repetem, cada uma a seu modo, usando aquela liberdade que só tem quem já não se importa com quem olha, e fica uma linda confusão de cabelinhos beges, roxos e brancos adornada por bracinhos frágeis cobertos por malhas finas a moverem-se livremente, cada uma imaginando estar seguindo à risca os movimentos propostos. Sou tomado por uma onda de carinho, e por pouco não corro a abraça-las, eu mesmo saudoso de minha mamacita, que também tem uma coroa branca de sabedoria...

Passo adiante, ainda enternecido e observo uma mulher, moradora de rua sentada no banco do calçadão, a ler atentamente uma brochura, destas de banca no formato “paperback”. Curioso de saber do que se trata, mas com o alcance limitado da vista, nada posso fazer a não ser imaginar que esta senhora de figura triste, talvez aparentando bem mais idade do que deveras tenha, esteja lendo “Irmãos Karamazov”, ou “No coração das trevas”... Confesso que não me surpreenderia, tenho certeza de que na rua vivem literatos e intelectuais verdadeiros, que cansado da hipocrisia mundana, simplesmente se retiraram desta “festa pobre”, e foram desfrutar da infinita liberdade de não serem mais ninguém a não ser eles mesmos...

Muita viagem. Mas não deixa de ser uma visão romântica da pobreza absoluta.

Hora de correr, e aí a observação cede o espaço para a verdadeira reflexão. Lista de coisas a fazer, comprar um pen drive, uma cueca, aproveitar que é quinta e ir à feira (e comprar mais do que apenas tomates), carregar músicas no MP3 player que, aliás, fiz o favor de esquecer.

No mais penso no futuro imediato, nos dias que se aproximam, planos, sonhos... Este último item aliás é a minha perdição. Sonhar é bom, mas caramba, vamos combinar que eu ando exagerando na medida a ponto de esquecer tudo o que é necessário ser feito para que pelo menos o mais simples destes desejos se realize... Nota a tomar: colocar o pé no chão, para aí sim conseguir voar...

Terminada a corridinha, bebo um iogurte batido com ameixa no Bibi pelo qual me cobram a exorbitância de seis reais, e sigo adiante.

Amanhã terei mais caminhada, mas salvo apareça alguma coisa digna de nota prometo escrever sobre outro assunto.

O set list de hoje é o barulho do tráfego na Barata Ribeiro e um ou outro som que chega da feira da rua em frente à minha janela.

Baccio!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Som, fúria, prêmio e transmissão de pensamento!


Estou vendo "Som e Fúria". Adorei "Maysa - Quando fala o coração", mas a nova minissérie certamente supera tudo o que já vi ultimamente! Este ano fomos presenteados com duas produções caprichadíssimas!

Vale a pena dar uma olhada, sei que passa tarde, eu mesmo estou assistindo no Globo.com. Meus amigos, ainda mais quem tem alguma vivência em teatro vai curtir à beça.

Estas coisas me dão orgulho. Gol de placa!

Hoje ganhei um prêmio. Eu e o Mineiro (idéia dele, convite dele, redação final dele), meu parceiro de trabalho, nos inscrevemos num concurso comemorativo dos 44 anos da empresa na qual trabalhamos, e depois mais ou menos dois meses de ansiedade o resultado... Ficamos em quarto lugar! O prêmio é uma filmadora... Mas o prêmio maior é o reconhecimento. Caramba, muito bom.

E por último (e nem de longe menos importante, pelo contrário, mais emocionante, por isso deixei pra fechar) a transmissão de pensamento!

Faz dias que estou pensando nos meus afilhados, na minha família, na falta monstruosa que tenho sentido deles... Faz tempo que eu quero ligar, mas não andava no meu melhor, e não queria passar tristeza para as pessoas que amo. Falo com minha mãe, mas travo geral para ligar para todos os outros... Pois então, agora há pouco, meu sobrinho e compadre me ligou, eu que achava que ele andava meio puto comigo, posso respirar sossegado... Esta semana vou ligar pra todo mundo, afinal estou entrando numa vibe legal, até acordando cedo pra correr na praia, vejam vocês...

Tá meio medíocre essa minha volta à escrita. Sem a minha ironia habitual ou muita elaboração. Mas o assunto também não é pra piadinhas, estou falando de estado de espírito e de emoções.

To pegando o ritmo, me aguardem, volto com tudo, e não demora muito.

Não tem trilha sonora.... To numa lan, sem ouvir nada que não seja os tec tec dos teclados ao redor, vozes perdidas e uma tv abafada...

Assim sendo, vou. Mas volto.

Beijo do gordo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Voltando...

Mais de um mês depois... Pode me xingar.

Você fiel seguidor deste blog, deve estar magoado, e respondendo ao abaixo-assinado (hífen?) que eu recebi, estou aqui para dizer que não abandonei ninguém... apenas estava com outras prioridades...
Bom, explicação dada.
Boa noite.

SET LIST
The Winner Takes It All - ABBA

sábado, 10 de janeiro de 2009

Aracno Folia


Ontem fui ao Boteco Belmonte na esquina da Bolívar com a Domingos Ferreira com o Ivo e a Cris. Não queria beber, pois além de cansado, estou com uma ameaça de gripe, o que me fez optar pela Coca Light (na verdade Pepsi), que não precisa ser tão gelada quanto uma tulipa de chopp. Mas me acabei de comer os petiscos, uma perdição para mim.


O atendimento foi razoavelmente rápido para os padrões do estabelecimento, e conseguimos uma mesa na varanda, próxima ao caixa. O Ivo começou a se queixar de que havia formigas caindo em cima dele. Eu e a Cris rimos. Depois ele se queixou de novo. Achamos engraçado de novo, mas começamos a dar algum crédito. A gente estava embaixo de onde deveria ser uma saída do ar condicionado (com ou sem hífen, meu Deus?) Que passamos a observar, dada a insistência do guri em não parar de falar que as formigas estavam caindo em sua cabeça.


Ele estava enganado. Não tinha nenhuma formiga, inseto aliás que se é mesmo tão trabalhador como dizem, deveria estar dormindo, ao invés de estar passeando em cima dele. Quando olhei para o Ivo, lá estava ela, uma aranha média, marrom andando placidamente em sua cabeleira negra.


Cautelosamente peguei um vidro de pimenta Tabasco que estava sobre a mesa (coloquei a tampa por precaução, se eu fizesse algum estrago, o mal humor gerado pela queda coletiva de insetos passaria diretamente para a minha conta) e afastei o bicho que caiu na mesa. Claro que mesmo liberto da aranha, ele reclamou ainda do vidro de pimenta, num gesto de gratidão nos moldes muito peculiares dele. A aranha sumiu e reapareceu instantes depois perto de mim, que tratei de jogá-la no chão com um pedaço de guardanapo. Por causa do mimetismo causado pela cor do piso, não foi possível esmagá-la com o pé, fato que se tornou favorável quando passou o gerente para quem reclamamos das companhias indesejadas. Com incredulidade ele mencionou algo sobre fazerem uma limpeza no dia seguinte (Deve ter pensado que iríamos usar o incidente para não pagar a conta. Não o culpo, pois conheço gente exatamente assim...). Dominando minha repulsa peguei o guardanapo e vimos que ela ainda estava lá, ele então (ainda não achando a reclamação pertinente) sugeriu que mudássemos de mesa, o que aceitamos. Seguiria-se uma espera longa, com direito a novas quedas dos aracnídeos suicidas, quando lá, no ombro do gerente, alheia à situação, uma aranha idêntica à que eu tinha jogado no chão, caminhava ameaçadoramente para seu pescoço. Certo, estou dramatizando, mas foi mais ou menos isso sim. Eu avisei o rapaz, que à princípio não acreditou mas olhando para seu ombro mal conseguiu disfarçar o susto e numa fração de segundos fez um arremedo de dança tribal australiana para se livrar do bichinho.


Menos de dois minutos depois estávamos em outra mesa.


Hoje o tempo nublou. Dois dias de sol intenso que observei da janela do ônibus até chegar ao trabalho. E agora que eu estou fora do ônibus, pronto para uma verdadeira orgia de raios UV, o danadinho do astro-rei (agora coloquei o hífen, meio que de sacanagem mesmo) resolveu retocar a maquiagem.


Ou os monarcas são mesmo muito temperamentais, ou então verdade o velho clichê que alegria de pobre dura pouco...


Hoje tem a estréia de "Tom e Vinícius" no João Caetano. Vou até lá prestigiar e levar meu aplauso à minha querida e talentosa amiga Marilice Cosenza.


Por enquanto é só.


PS - Hoje não tem set list. Em inglês não preciso me preocupar com o hífen, já escrevo tudo errado mesmo.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Festa da Firma






Como havia escrito antes, eu e alguns colegas preparamos uma surpresinha na festa de final de ano da empresa. Uma brincadeira, um vídeo dizendo o que cada um teria feito depois que saísse do programa... Pilhéria pura mas deu medo de que algumas pessoas pudessem se ofender. Acho que não. Espero que não aliás.

Basta dizer que o meu destino (escolhido por mim mesmo) seria me tornar um alcoólatra que vende poesias nas calçadas da Lapa de madrugada. Deprimente. Mas eu tinha que pegar pesado comigo antes se quizesse brincar com os outros.

Lama...

Bebi todas e falei muita bobagem. Mordi a bunda de um amigo meu. Em determinadas ocasiões a amnésia alcoólica é uma benção. E a memória dos amigos uma maldição.

Não lembro das besteiras faladas, e nem da tal dentada, mas amigos caridosos me lembraram. Nestas horas paciência ou uma boa morte. Como estou escrevendo isso,vê-se que optei pela primeira.

"Todos dizem que eu falo demais, e que ando bebendo demais"...

Já disse que estou em rehab... mas hoje quando eu cheguei na minha mesa, vi que meu diretor (que está mudando de programa) deixou uma garrafa de cachaça para mim. Ele ganhou várias ao longo dos anos, e se desfez de todas hoje. Fiquei achando que era alguma (in)direta, mas vi que ele tinha deixado uma para cada membro da equipe.
Aliviado, agradeci o mimo.

Estou adorando "Maysa - Quando fala o coração". É uma das coisas mais legais que já vi na TV nos últimos tempos. Parabéns a todos envolvidos, está maravilhoso. E estou lendo o livro de Lira Neto "Maysa - Só numa multidão de amores", o qual foi consultado para a elaboração do texto da minissérie. Veja a série, leia o livro e acima de tudo... Ouça!!!


Anything Goes - Cole Porter (Cast of the movie)


É tão lindo - Balão Mágico e Roberto Carlos


OAM´s Blues - Aaron Goldberg


Despertar - Aisha Duo

Vaia - A primeira a gente nunca esquece


Este é o primeiro post do ano. Deveria ser o sétimo. Algumas pessoas lêem meu blog e isso me deixa feliz. Beijos para vocês, Carina, Daniela, Raphael e Bárbara. E para a Renata (Only Renata): adorei saber que você lê também. Beijão!


Feito o social, vamos aos fatos. Sim, caros leitores, fui ao show da Madonna. Falei um monte, pode parecer que era despeito e desespero, mas na hora "H" apareceu um ingresso (comprado, diga-se, ainda que não tão caro) e eu fui. Fui e vi. Posso dizer que eu gostei de ter ido, mas não tenho certeza se eu gostei realmente do show. Medo de ser apedrejado por dizer isso, mas é verdade. Que ela não é uma das melhores vozes cantantes por aí eu já sabia. Mas doeu um pouco ver o tanto de músicas que ela dubla. Ok, ela é uma performer, uma maga do entretenimento, tem sim a platéia na mão. Mas é questão de gosto. Sei que nas coreografias acrobáticas que ela faz não é possível sustentar a voz, por isso o recurso da dublagem. Entendo, mas não gosto. Simples assim.


A melhor parte do show para mim foi antes de ela entrar no palco. Estava eu com alguns amigos que eu havia encontrado por acaso por lá, e resolve-se então que devemos ir para o meio da pista. Isso no Morumbi lotado equivale a um rafting. Pois bem, embrenhados no bosque humano, procuramos um caminho e fomos.


Em dado momento, umas garotas irritadas pelas quatro pessoas que passaram por elas, na hora em que eu fui passar, não quiseram deixar. Segue o diálogo mais ou menos como foi :


Estressada 1 - Ei, chega! Aqui não passa mais ninguém!


André - Mas estou com eles...


Estressada 2 - Foda-se. Por aqui ninguém mais passa!


André - Peraí! Cadê os números das cadeiras? Não sabia que estava na numerada...

(sou um cínico filho da puta)


Estressada - Não tem essa! A gente está aqui há um tempão, não vai ficar passando não...


André - Calma aê... Isto aqui é um show, e você está na pista... não tem como impedir as pessoas de passarem.

(e fui andando, como um aríete)


Estressada 2 - Chegasse mais cedo!!


André - Comprasse numerada. Ou vip.


Bichinha Estressada com Barba Leão Lobo Que Se Meteu No Papo - Muita folga!!! (puxando a vaia) Uhhhhhhhhhhhhh


Estressada 1 / Estressada 2 / Bichinha Estressada com Barba Leão Lobo Que Se Meteu No Papo / Curiosos / Simpatizantes - Uhhhhhhhhhhhhh!!!!


André (agradecendo teatralmente) - Obrigado, obrigado!!!!


E passei pelas amarguradas baixinhas, na frente das quais acabei ficando, sem dor nem culpa.


Fiquei até o final do show orgulhoso pela vaias. Tive a absoluta certeza de que eu não sou medíocre. Pessoas medíocres não ganham vaias ou aplausos. Sempre que eu me sentir mal daqui pra frente vou lembrar que assim como Caetano Veloso, eu já fui vaiado. E num show da Madonna. Já fui aplaudido também mas isso é outra história.


Saindo do show fui andando até o hospital São Luiz onde estava o carro (impossível estacionar lá perto), meia hora de caminhada, pois nenhum táxi parava, e de lá rumeir para a Bela Paulista, assim como metade do Estádio do Morumbi... Imagine como fomos atendidos... Enfim... Pode parecer que foi uma roubada, mas não. Uma tremenda aventura, valeu a pena.




4 minutes - Madonna featuring Justin Timberlake

Like a Virgin - Madonna

21st Century Life - Sam Sparro

Hot Mess - Sam Sparro

Rush Rush - Paula Abdul

I´ll be there for you - The Rembrandts

I like Chopin - Gazebo

Take my heart - Kool and the Gang

Disco lies - Moby

The Rumour - Olivia Newton-John (Dj Speed Bass Disco Remix 2007 2008) Hardcore Hadhouse)

Tied Up - Olivia Newton-John (Remix)

Every breath you take - The Police

Dancing Queen - Abba
Superfantástico - Balão Mágico